quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Questões Gil Vicente

1- O teatro de Gil Vicente caracteriza-se por ser fundamentalmente popular. E essa
característica manifesta-se, particularmente, em sua linguagem poética, como ocorre
no trecho a seguir, de O Auto da Barca do Inferno.

Ó Cavaleiros de Deus,
A vós estou esperando,
Que morrestes pelejando
Por Cristo, Senhor dos Céus!
Sois livres de todo o mal,
Mártires da Madre Igreja,
Que quem morre em tal peleja
Merece paz eternal.

No texto, fala final do Anjo, temos no conjunto dos versos

(A) variação de ritmo e quebra de rimas.
(B) igualdade de métrica e de esquemas das palavras que rimam.
(C) ausência de ritmo e igualdade de rimas.
(D) alternância de redondilha maior e menor e simetria de rimas.
(E) redondilha menor e rimas opostas e emparelhadas.

2- Considere as seguintes afirmações sobre o teatro vicentino.

I. Suas peças são escritas em versos, na medida velha, e revelam boa poesia dramática, ao lado da densidade da crítica social, fundada em uma visão medieval, religiosa e cristã de um mundo em transformação.

II. Põe em cena todos os segmentos da sociedade portuguesa de seu tempo, da elite palaciana aos excluídos socialmente, e até mesmo a corte, na qual representava suas peças, é alvo da crítica indireta do dramaturgo.

III. Não obedece à Lei das Três Unidades (tempo, lugar e ação). Suas peças compõem-se de cenas ou quadros encadeados sem rigidez na sequência temporal e espacial.

Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas III.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas II e III.

(E) I, II e III.

3- Gil Vicente escreveu o Auto da Barca do Inferno em 1517, no momento em que
eclodia na Alemanha a Reforma Protestante com a crítica veemente de Lutero ao
mau clero dominante na Igreja. Nessa obra, há a figura do frade, severamente
censurado como um sacerdote negligente. Indique a alternativa cujo conteúdo não
se presta a caracterizar, na referida peça, os erros cometidos pelo religioso.

a) Não cumprir os votos de celibato, mantendo a concubina Florença.
b) Entregar-se a práticas mundanas, como a dança.
c) Praticar esgrima e usar armamentos de guerra, proibidos aos clérigos.
d) Transformar a religião em manifestação formal, ao automatizar os ritos litúrgicos.
e) Praticar a avareza como cúmplice do Fidalgo, e a exploração da prostituição em parceria
com a alcoviteira.

4- Leia o texto abaixo pautado para responder ao que se pede:

Frade
Corpo de Deus consagrado!
Pela fé de Jesus Cristo
que não posso entender isto!
Hei de ser eu condenado?
Um padre tão namorado,
tão dedicado à virtude!
Dê-me Deus tanta saúde
quanto estou maravilhado.

Diabo
Deixemos de mais demora.
Embarcai e partiremos.
Tomareis um par de remos.

Frade
No ajuste isto não vigora.

Diabo
Pois vai na sentença, agora.

Frade
Não esperava por ela.
Não vai em tal caravela
minha senhora Florença.
Como, por ser namorado
e folgar com uma mulher
há de um frade se perder
com tanto salmo rezado?

Diabo
Ora, estás bem preparado.

Frade
E tu, bem mais prevenido.

Diabo
Devoto, padre e marido,
aqui serás castigado.

( Gil Vicente - Auto da Barca do Inferno )

 A última fala do diabo, revela-nos que o teatro de Gil Vicente, especificamente este Auto da
barca do Inferno, pode ser visto também como uma  espécie de tribunal, onde os homens
são julgados segundo o que fizeram em suas vidas. Sendo assim, é possível afirmar que:

a) o teatro vicentino apresenta preocupação político-social, pois seu autor defende as classes
menos favorecidas, excitando uma considerável revolta social.

b) Gil Vicente contemplou a sociedade de sua época através de um olhar crítico, que lhe
permitiu condenar livremente as pessoas que deveriam ir para o Inferno pagar os pecados
cometidos em vida.

c) o diabo é uma figura decisiva nesta peça, pois é ele quem julga as pessoas. Com isso, Gil
Vicente queria transmitir ao público a idéia de que só o mal pode julgar o mal, enquanto o
papel do bem consistia em apenas contemplar a condenação irreversível de todos os homens.

d) o fato de o diabo atuar como um juiz caracteriza uma crítica à classe dos juízes, dos
advogados, dos procuradores e dos corregedores. Gil Vicente defendia a idéia de que só Deus
pode determinar o destino dos homens, independentemente das decisões humanas.

e) o teatro de Gil Vicente está sustentado pela ética católica medieval. Daí o julgamento dos
homens segundo uma perspectiva maniqueísta (anjo e diabo = céu e inferno,
respectivamente). Essa interpretação aparece no Auto da barca do Inferno através da crítica ao
comportamento e às práticas morais da época.

5- Sobre o Auto da barca do Inferno, de Gil Vicente, é incorreto afirmar:

a) O autor apresenta severa crítica à prepotência e tirania dos nobres, e à desonestidade e
corrupção dos homens da lei.
b) Na luta entre o Bem e o Mal são favorecidos aqueles que em vida pertenceram à classe
social privilegiada.
c) O diabo atua como agente crítico, que revela as mentiras e falsidades das personagens.
d) Pelo julgamento do Anjo, o Parvo embarca para o paraíso, uma vez que o céu pertence aos
simples.
e) O autor vale-se do tema do Juízo Final para estabelecer uma crítica à sociedade, fazendo
desfilar em cena os tipos sociais identificados através de suas qualidades e defeitos.

6- Sobre o teatro de Gil Vicente e em especial o Auto da Barca do Inferno, são feitas as
seguintes afirmações:

I. Uma das características do auto é a rica elaboração de cenários e a retomada dos padrões
clássicos do teatro grego.
II. O texto é de fundamental importância, uma vez que toda a carga teatral está no que é dito e
não no que é visto.
III. O talento e a intuição lírica trouxeram ao teatro de Gil Vicente uma universalidade nunca
antes alcançada na Literatura Portuguesa. Pandora Vestibulares, com você em todas as fases.

Assinale:
a) se todas as afirmações forem corretas.
b) se todas as afirmações forem incorretas.
c) se as afirmações I e II forem corretas.
d) se as afirmações II e III forem corretas.
e) se as afirmações I e III forem corretas.

7- Leia as proposições abaixo e assinale a alternativa correta sobre o Auto da barca do
Inferno.
I. O Frade é condenado ao Inferno somente porque é brincalhão e excelente dançarino.
II. O Judeu aceitou pagar propina aos membros do judiciário e do clero e por isso terá sua alma
condenada.

III. Os quatro cavaleiros são salvos, pois representam os verdadeiros valores da fé cristã.
a) Estão corretas a I e a III.
b) Estão corretas a II e a III.
c) Apenas a III está correta.
d) Apenas a II está correta.
e) Estão corretas a I e a II

8- Indique a afirmação correta sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
a) É intrincada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com o inesperado de
cada situação.
b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições, mas nos indivíduos que as
fazem viciosas.
c) É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor é o primeiro a relativizar a
distinção entre o Bem e o Mal.
d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares, as mais ridicularizadas e as mais
severamente punidas.
e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de
valor positivo.

9- Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente:
I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem que reúne em si os vícios das
diferentes categorias sociais anteriormente representadas.
II. A descontinuidade das cenas é coerente com o caráter didático do auto, pois facilita o
distanciamento do espectador.
III. A caricatura dos tipos sociais presentes no auto não é gratuita nem artificial, mas
resulta da acentuação de traços típicos.
Está correto apenas o que se afirma em:

(A) I.
(B) II.
(C) II e III.
(D) I e II.
(E) I e III.

10- Na seguinte cena do Auto da Barca do Inferno, o Corregedor e o Procurador dirigem-
se à Barca da Glória, depois de se recusarem a entrar na Barca do Inferno:

Corregedor
Ó arrais dos gloriosos,
passai-nos neste batel!

Anjo
Ó pragas pera papel, pera as almas odiosos!
Como vindes preciosos,
sendo filhos da ciência!

Corregedor
Ó! habeatis clemência
e passai-nos como vossos!

Joane (Parvo)
Hou, homens dos breviairos,
rapinastis coelhorum
et perniz perdiguitorum
e mijais nos campanairos!

Corregedor
Ó! Não nos sejais contrairos,
Pois nom temos outra ponte!
Joane (Parvo) Beleguinis ubi sunt?
Ego latinus macairos.

Vocabulário:
pera: para
habeatis: tende
homens dos breviairos: homens de leis Rapinastis coelhorum/Et perniz perdiguitorum:
Recebem coelhos e pernas de perdiz como suborno
Beleguinis ubi sunt?: Onde estão os oficiais de justiça?
Ego latinus macairos: Eu falo latim macarrônico
(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno. São Paulo: Ateliê Editorial, 1996, p. 107-109.)

I. O Corregedor é acusado de corrupção na passagem em que o Parvo se refere ao
fato de ele receber subornos, “presentes”, “propinas”, “agrados”, pequenos
mimos tais como coelhos e pernas de perdizes.

II. O Corregedor é acusado, na peça, de ser desrespeitoso (mijar nos campanários),
injusto com relação aos desfavorecidos, preguiçoso e adúltero, pecados pelos
quais é condenado a seguir com o Diabo na Barca do Inferno.

III. O Parvo se expressa em latim para ridicularizar e ironizar a postura dos
magistrados. Chega a admitir essa intenção, ao afirmar que seu latim é
macarrônico.

Quais estão corretas?
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e III.
(D) Apenas II e III
(E) I, II e III.

11- (UFRGS – 2009) Considere as afirmações abaixo sobre o Auto da Barca do Inferno, de
Gil de Vicente.

I – O Fidalgo e o Sapateiro levam consigo objetos característicos de seu status social em vida.
II – Apenas o Parvo e os quatro Cavaleiros cruzados serão conduzidos pela Barca da Glória.
III – Ao contrário do Anjo vicentino, que é persuasivo e alegre, o Diabo vicentino é um
personagem sisudo, de poucas e irônicas falas.
Quais estão corretas?

12- (UFRGS – 2006) A cena do embarque do frade Babriel é uma das mais importantes do
Auto da Barca do Inferno, de Gil de Vicente.
Numere as seguintes ações de Babriel de acordo com a ordem em que elas ocorrem na
referida cena.
(  ) O frade utiliza-se do hábito na tentativa de alcançar a salvação.
(  ) O frade, ao se encontrar com o Diabo, está acompanhado de Florença.
(  ) O frade dirige-se à Barca da Glória.
(  ) O frade é recebido pelo parvo Joane.
(  ) O frade, acompanhado da mulher, acolhe a sentença.

A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) 2 – 1 – 4 – 3 – 5.
b) 3 – 4 – 2 – 5 – 1.
c) 2 – 1 – 3 – 4 – 5.
d) 5 – 3 – 2 – 1 – 4.
e) 5 – 2 – 3 – 4 – 1.

13- (UFRGS – 2004) Considere as seguintes afirmações, relacionadas ao episódio do
embarque do fidalgo, da obra Auto da Barca do inferno, de Gil de Vicente.
I – A acusação de tirania e presunção dirigida ao fidalgo configura uma critica não ao indivísuo,
mas à classe a que pertence.
II – Gil Vicente critica as desigualdades sociais ao apontar o desprezo do fidalgo aos pequenos,
aos desfavorecidos.
III – No momento em que o fidalgo pensa ser alvo por haver deixado, em terra, alguém orando
por ele, evidencia-se a crítica vicentina à fé religiosa.

Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

14- (UFRGS – 2002) Assinale a alternativa alternativa incorreta sobre a obra de Gil
Vicente.
a) Gil Vicente tem suas raízes na Idade Média, mas volta-se para o Renascimento, aliando
o humanismo religioso à atitude critica diante dos problemas sociais.
b) Variada na forma, a obra vicentina desvenda os costumes do século XVI, satirizando a
sociedade feudal sem perder o caráter moralista e resguardando o sentido de
intervenção social.
c) Embora critique o clero, a nobreza e seu séquito ocioso, o teatro vicentino faz a
exaltação heróica dos reis, atitude comum na Idade Média.
d) Ao mesmo tempo que desenvolve a sátira social, a produção vicentina aponta para a
necessidade de reforma da Igreja, devido aos abusos do clero.
e) Trabalhando com uma verdadeira galeria de tipos, Gil Vicente adapta o uso da
linguagem coloquial ao estilo e à condição social de cada um deles.

15- (UFRGS – 2000) Em relação ao Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, considere as
seguintes afirmações.
I. Trata-se de um grande painel que satiriza a sociedade portuguesa do seu tempo.
II. Representa a transição da Idade Média para o Renascimento, guardando traços dos dois
períodos.
III.  Sugere que o diabo, ao julgar justos e pecadores, tem poderes maiores que Deus.

Quais estão corretas?

GABARITO:

1- B
2- E
3- E
4- E
5- B
6- D
7- C
8- B
9- C
10- E
11- C
12- C
13- B
14- C
15- B

5 comentários:

  1. Obrigada por compartilhar esse texto vou trabalhar com meus alunos.

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  2. QUESTAO 15 TA INCOMPLETA..QUERIA OS ITENS

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    1. Simples! Afirmações I e II.

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    2. https://www.kuadro.com.br/gabarito/ufrgs/2000/portugues/ufrgs-2000-em-rela-o-ao-auto-da-barca-do-inferno-d/1912

      As três.

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