sexta-feira, 7 de março de 2014

Análise de poemas



Um pouco do que seria nossa aula de aprofundamento:

Passos da leitura:
1. leia o poema de uma sentada - de uma vez (de preferência sonoramente, tentando pegar o ritmo)
2. procure o moto do poema - seu tema, a razão desse poema ter sido feito.
3. descubra as palavras chave.
4. descubra o conflito


Seus olhos

Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do Destino.
Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda alma senti...
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.

Análise:
Poema lírico, de natureza romântica, a incapacidade de contemplar toda a beleza da mulher (metonímia - os olhos/a mulher, que se contrapõem à ideia da cegueira). O fogo do amor é visto também como fonte de um poder perigoso, que deveria permitir a visão, mas na verdade provoca a cegueira e até mesmo a destruição do próprio amor ou do ser amante (como é o caso). Esse fogo e brilho vem do próprio objeto do amor e não de uma divindade em separado- apontando aí para a própria mulher como divina.

palavras-chave:
olhos, chama, fogo, divino/destino, poder/alma/senti

Estilo de época: Romantismo:
idealização da mulher e do amor
divinização de mulher e do amor
a alma como sofredora dos efeitos do amor
a tristeza pela incapacidade de se ver digno do ser amado
melancolia

Relembrando os passos
Passos da leitura:
1. leia o poema de uma sentada - de uma vez (de preferência sonoramente, tentando pegar o ritmo)
2. procure o moto do poema - seu tema, a razão desse poema ter sido feito.
3. descubra as palavras chave.
4. descubra o conflito

SONETO

Perdoa-me, visão dos meus amores,
Se a ti ergui meus olhos suspirando!...
Se eu pensava num beijo desmaiando
Gozar contigo a estação das flores!

De minhas faces os mortais palores,
Minha febre noturna delirando,
Meus ais, meus tristes ais vão revelando
Que peno e morro de amorosas dores...

Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora...

Sem que última esperança me conforte,
Eu - que outrora vivia! - eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte!

Análise:
Poema lírico, de natureza romântica, uma forma exagerada de buscar a atenção da amada a qual ele primeiro recrimina acusando-se de impropriedade (desculpa), mas pontuando que sua falta de limites se dá pelo fato de sonhar o futuro com ela. A indisposição dela aos desejos do poeta são sentidas como a proximidade da morte - o poeta avisa que por causa dela está perdendo seus melhores anos (minha aurora - metáfora para a juventude)

palavras-chave:
suspirando/desmaiando, dor, morrer, noturna, delirando, febre

Estilo de época: Romantismo (ultra-romantismo)
a contraposição entre amar e morrer
a alma como sofredora dos efeitos do amor
melancolia e o desejo de morte
amor como febre, delírio, desvario
a indicação que o poeta morrerá jovem ainda (prenúncio heroico)

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