segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Barroco

Links

http://arte-barroca.info/

http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=64

Toques:

Na minha aula eu comentei sobre a relação da dicotomia Catolicismo e Protestantismo com o Empirismo e Racionalismo: guardem essa informação, porque ela não é comum nem em livros, nem em aulas.


Vídeos 


Bem explicado o contexto nesse vídeo aqui




O Bira ajuda bastante com os slides
Percebam a questão das dicotomias




Para ouvir enquanto estiver lendo a apostila

Bach = divino, impressionante, de um lirismo que nos faz saber que podemos ser melhores.


Para aprofundar com Gregório de Matos



Padre Antônio Vieira

Esses vídeos eu não consegui transpor, então irei deixar aqui os links

https://www.youtube.com/watch?v=t_zkEx0cLYc&feature=youtube_gdata_player

https://www.youtube.com/watch?v=PJULu921M2E

https://www.youtube.com/watch?v=BhL9kzRAiLQ






[Repost]Livros recomendados




Em negrito estão as minhas recomendações e depois algumas adições

A lista da Newsweek 

1. Guerra e Paz, Liev Tolstói, 1869
2. 1984, George Orwell, 1949
3. Ulisses, James Joyce, 1922
4. Lolita, Vladímir Nabókov, 1955
5. O Som e a Fúria, William Faulkner, 1929
6. O Homem Invisível, Ralph Ellison, 1952
7. Rumo ao Farol, Virginia Woolf, 1927 (Passeio ao Farol)
8. Ilíada e Odisseia, Homero, século VIII a.
9. Orgulho e Preconceito, Jane Austen, 1813
10. A Divina Comédia, Dante Alighieri, 1321
11. Os Contos de Cantuária, Geoffrey Chaucer, século XV
12. As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift, 1726
13. A Vida Era Assim em Middlemarch, George Eliot, 1874
14. Quando Tudo se Desmorona, Chinua Achebe, 1958
15. O Apanhador no Campo de Centeio, J. D. Salinger, 1951
16. E Tudo o Vento Levou, Margaret Mitchell, 1936
17. Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez, 1967
18. O Grande Gatsby, Scott Fitzgerald, 1925
19. Catch 22, Joseph Heller, 1961
20. A Amada, Toni Morrison, 1987
21. As Vinhas da Ira, John Steinbeck, 1939
22. Os Filhos da Meia-Noite, Salman Rushdie, 1981
23. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley, 1932
24. Mrs. Dalloway, Virgínia Woolf, 1925
25. O Filho Nativo, Richard Wright, 1940
26. Da Democracia na América, Alexis de Tocqueville, 1835
27. A Origem das Espécies, Charles Darwin, 1859
28. Histórias, Heródoto, 440 a.c.
29. O Contrato Social, Jean-Jacques Rosseau, 1762

30. O Capital, Karl Marx, 1867
31. O Príncipe, Nicolau Maquiavel, 1532
32. Confissões, Santo Agostinho, século IV
33. Leviatã, Thomas Hobbes, 1651

34. História da Guerra do Peloponeso, Tucídides, 431 a.c.
35. O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien, 1954
36. Winnie The Pooh, A. A. Milne, 1926
37. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, C. S. Lewis, 1950
38. Passagem para a Índia, E. M. Forster, 1924
39. On the Road, Jack Kerouac, 1957
40. Por Favor Não Matem a Cotovia, Harper Lee, 1960
41. A Bíblia Sagrada
42. Laranja Mecânica, Anthony Burgess, 1962

43. Luz em Agosto, William Faulkner, 1932
44. As Almas da Gente Negra, W. E. B. Du Bois, 1903
45. Vasto Mar de Sargaços, Jean Rhys, 1966
46. Madame Bovary, Gustave Flaubert, 1857
47. O Paraíso Perdido, John Milton, 1667
48. Anna Kariênina, Liev Tolstói, 1877
49. Hamlet, William Shakespeare, 1603
50. Rei Lear, William Shakespeare, 1608
51. Otelo, William Shakespeare, 1622
52. Sonetos, William Shakespeare, 1609

53. Folhas de Relva, Walt Whitman, 1855
54. As Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain, 1885
55. Kim, Rudyard Kipling, 1901
56. Frankenstein, Mary Shelley, 1818
57. Song of Solomon, Toni Morrison, 1977
58. Voando Sobre um Ninho de Cucos, Ken Kesey, 1962 (Um estranho no ninho)
59. Por Quem os Sinos Dobram, Ernest Hemingway, 1940
60. Matadouro 5, Kurt Vonnegut, 1969
61. Animal Farm, George Orwell, 1945
62. O Deus das Moscas, William Golding, 1954 (O Senhor das moscas)
63. A Sangue Frio, Truman Capote, 1965
64. O Caderno Dourado, Doris Lessing, 1962
65. Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust, 1913
66. À Beira do Abismo, Raymond Chandler, 1939
67. Enquanto Agonizo, William Faulkner, 1930
68. O Sol Também se Levanta, Ernest Hemingway, 1926
69. Eu, Cláudio, Robert Graves, 1934
70. Coração, Solitário Caçador, Carson McCullers, 1940
71. Filhos e Amantes, D. H. Lawrence, 1913
72. All The King's Men, Robert Penn Warren, 1946
73. Go Tell It on The Mountain, James Baldwin, 1953
74. A Menina e o Porquinho, E. B. White, 1952
75. O Coração das Trevas, Joseph Conrad, 1902
76. Noite, Elie Wiesel, 1958
77. Corre, Coelho, John Updike, 1960
78. A Idade da Inocência, Edith Wharton, 1920
79. O Complexo de Portnoy, Philip Roth, 1969
80. Uma Tragédia Americana, Theodore Dreiser, 1925
81. O Dia dos Gafanhotos, Nathanael West, 1939
82. Trópico de Câncer, Henry Miller, 1934
83. O Falcão Maltês, Dashiell Hammett, 1930
84. Mundos Paralelos, Philip Pullman, 1995
85. Death Comes for the Archbishop, Willa Cather, 1927
86. A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud, 1900
87. A Educação de Henry Adams, Henry Adams, 1918

88. O Livro Vermelho, Mao Tsé Tung, 1964
89. As Variedades da Experiência Religiosa, William James, 1902
90. Reviver o Passado em Brideshead, Evelyn Waugh, 1945
91. A Primavera Silenciosa, Rachel Carson, 1962
92. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, John M. Keynes, 1936
93. Lord Jim, Joseph Conrad, 1900
94. Goodbye to All That, Robert Graves, 1929
95. A Sociedade da Abundância, John Kenneth Galbraith, 1958
96. O Vento nos Salgueiros, Kenneth Grahame, 1908
97. A Autobiografia de Malcolm X, Alex Haley e Malcolm X, 1965
98. Eminent Victorians, Lytton Strachey, 1918
99. A Cor Púrpura, Alice Walker, 1982
100. Memórias da Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill, 1948




Minhas adições
Farenheit 451 – Ray Bradbury
Paris no século XIX – Walter Benjamin
Um conto de Duas cidades – dickens
A trégua – Primo Levi












































quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Quinhentismo



Ok, aqui tem que ser por partes...

Vocês viram na minha aula que Quinhentismo é em parte resultado do Classicismo que estava acontecendo na Europa, por isso precisamos entender algumas coisas:


Cruzadas:

vejam especialmente os artigos:
http://www.brasilescola.com/historiag/cruzadas.htm




Expansão Muçulmana:

http://islao_em_portugal.blogs.sapo.pt/3749.html




Renascimento:


Classicismo:
http://resumosdeliteratura.blogspot.com.br/2007/06/classicismo-1527-1580.html







Reforma Protestante:

De longe o melhor site

http://www.mackenzie.br/6962.html





Concílio de Trento:
http://www.pime.org.br/missaojovem/mjhistdaigrejatrento.htm

http://www.ihu.unisinos.br/noticias/510702-o-concilio-de-trento-acabou-depois-de-cinco-seculos




Agora vamos para a matéria em si:

http://www.soliteratura.com.br/quinhentismo/index.php

Um vídeo para ajudar, mas a professora se empolga e corre para o Barroco. Assistam o começo


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O imbecil juvenil



Jornal da Tarde, São Paulo, 3 abr. 1998


Já acreditei em muitas mentiras, mas há uma à qual sempre fui imune: aquela que celebra a juventude como uma época de rebeldia, de independência, de amor à liberdade. Não dei crédito a essa patacoada nem mesmo quando, jovem eu próprio, ela me lisonjeava. Bem ao contrário, desde cedo me impressionaram muito fundo, na conduta de meus companheiros de geração, o espírito de rebanho, o temor do isolamento, a subserviência à voz corrente, a ânsia de sentir-se iguais e aceitos pela maioria cínica e autoritária, a disposição de tudo ceder, de tudo prostituir em troca de uma vaguinha de neófito no grupo dos sujeitos bacanas.

O jovem, é verdade, rebela-se muitas vezes contra pais e professores, mas é porque sabe que no fundo estão do seu lado e jamais revidarão suas agressões com força total. A luta contra os pais é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos contendores luta para vencer e o outro para ajudá-lo a vencer.

Muito diferente é a situação do jovem ante os da sua geração, que não têm para com ele as complacências do paternalismo. Longe de protegê-lo, essa massa barulhenta e cínica recebe o novato com desprezo e hostilidade que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir. É dos companheiros de geração que ele obtém a primeira experiência de um confronto com o poder, sem a mediação daquela diferença de idade que dá direito a descontos e atenuações. É o reino dos mais fortes, dos mais descarados, que se afirma com toda a sua crueza sobre a fragilidade do recém-chegado, impondo-lhe provações e exigências antes de aceitá-lo como membro da horda. A quantos ritos, a quantos protocolos, a quantas humilhações não se submete o postulante, para escapar à perspectiva aterrorizante da rejeição, do isolamento. Para não ser devolvido, impotente e humilhado, aos braços da mãe, ele tem de ser aprovado num exame que lhe exige menos coragem do que flexibilidade, capacidade de amoldar-se aos caprichos da maioria - a supressão, em suma, da personalidade.

É verdade que ele se submete a isso com prazer, com ânsia de apaixonado que tudo fará em troca de um sorriso condescendente. A massa de companheiros de geração representa, afinal, o mundo, o mundo grande no qual o adolescente, emergindo do pequeno mundo doméstico, pede ingresso. E o ingresso custa caro. O candidato deve, desde logo, aprender todo um vocabulário de palavras, de gestos, de olhares, todo um código de senhas e símbolos: a mínima falha expõe ao ridículo, e a regra do jogo é em geral implícita, devendo ser adivinhada antes de conhecida, macaqueada antes de adivinhada. O modo de aprendizado é sempre a imitação - literal, servil e sem questionamentos. O ingresso no mundo juvenil dispara a toda velocidade o motor de todos os desvarios humanos: o desejo mimético de que fala René Girard, onde o objeto não atrai por suas qualidades intrínsecas, mas por ser simultaneamente desejado por um outro, que Girard denomina o mediador.

Não é de espantar que o rito de ingresso no grupo, custando tão alto investimento psicológico, termine por levar o jovem à completa exasperação impedindo-o, simultaneamente, de despejar seu ressentimento de volta sobre o grupo mesmo, objeto de amor que se sonega e por isto tem o dom de transfigurar cada impulso de rancor em novo investimento amoroso. Para onde, então, se voltará o rancor, senão para a direção menos perigosa? A família surge como o bode expiatório providencial de todos os fracassos do jovem no seu rito de passagem. Se ele não logra ser aceito no grupo, a última coisa que lhe há de ocorrer será atribuir a culpa de sua situação à fatuidade e ao cinismo dos que o rejeitam. Numa cruel inversão, a culpa de suas humilhações não será atribuída àqueles que se recusam a aceitá-lo como homem, mas àqueles que o aceitam como criança. A família, que tudo lhe deu, pagará pelas maldades da horda que tudo lhe exige.

Eis a que se resume a famosa rebeldia do adolescente: amor ao mais forte que o despreza, desprezo pelo mais fraco que o ama.

Todas as mutações se dão na penumbra, na zona indistinta entre o ser e o não-ser: o jovem, em trânsito entre o que já não é e o que não é ainda, é, por fatalidade, inconsciente de si, de sua situação, das autorias e das culpas de quanto se passa dentro e em torno dele. Seus julgamentos são quase sempre a inversão completa da realidade. Eis o motivo pelo qual a juventude, desde que a covardia dos adultos lhe deu autoridade para mandar e desmandar, esteve sempre na vanguarda de todos os erros e perversidade do século: nazismo, fascismo, comunismo, seitas pseudo-religiosas, consumo de drogas. São sempre os jovens que estão um passo à frente na direção do pior.

Um mundo que confia seu futuro ao discernimento dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro algum.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Uma doença francesa


tirado de http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2014/01/1396736-uma-doenca-francesa.shtml

Em 2013, um historiador francês, militante da extrema-direita, entrou na Catedral de Notre-Dame, em Paris. Junto ao altar, apontou a arma à cabeça. Disparou. Explicações para o ato?

O casamento gay, leu-se em mensagem do suicida, escrita antes do "happening". A República Francesa tinha aprovado uma lei sobre a matéria e Dominique Venner (eis o nome) considerou a heresia o último prego no caixão da França. Espalhar os miolos em Notre-Dame pareceu-lhe uma forma razoável de defender as suas ideias.

Nos dias seguintes, escreveram-se toneladas de artigos sobre o caso. Todos eles batiam na mesma tecla analfabeta: como é possível explicar que a França - pátria da "tolerância" e da "Revolução Francesa" - ofereça tais espetáculos de radicalismo?

Ri muito com a sabedoria dos articulistas. Primeiro, porque usar as palavras "tolerância" e "Revolução Francesa" na mesma frase é um "gag" digno do pessoal da Porta dos Fundos.
Mas será que o mundo já esqueceu que, em matéria de extremismo político, a França é um caso historicamente patológico?

Sim, a trilogia "liberdade, igualdade, fraternidade" é excelente para encher a boca dos poetas. Mas a Revolução Francesa, e sobretudo o período do Terror entre 1792 e 1794, foi um carnaval de violência e desumanidade que nenhuma pessoa letrada pode contemplar com cara séria.

Sim, a França garantiu a emancipação dos judeus no século 18, integrando-os na vida nacional como poucos países europeus o fizeram.

Mas será preciso lembrar que tanta "tolerância" converteu-se num dos mais infames fenômenos de antissemitismo quando um oficial francês de origem judaica, Alfred Dreyfus (1859 - 1935), foi injustamente acusado de passar segredos militares para os alemães e condenado a prisão perpétua na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa?

A terra da "liberdade, igualdade, fraternidade" é também um país com uma tradição antissemita forte. Uma tradição partilhada pela extrema-direita clássica (bastará ler os textos Charles Maurras ou as proclamações tonitruantes da Frente Nacional da família Le Pen) a que se junta agora o "humorista" (peço desculpa pelo abuso do termo) Dieudonné M'Bala M'Bala.

O caso é conhecido: Dieudonné, que tem em seu repertório piadas negacionistas do Holocausto e um gesto que consiste em fazer a saudação nazista invertida (o chamado "quenelle"), teve vários dos seus shows cancelados em prefeituras de França por decisões judiciais. Parece que Dieudonné incita ao ódio racial com suas tiradas antissemitas e representa um perigo para a ordem pública.

Como é evidente, o "humorista" converteu-se em "mártir" nacional - e a "quenelle" passou a ser gesto disseminado pelo país inteiro. Como se fosse um cumprimento informal entre amigos.
Ponto de ordem: sou contra limitações à liberdade de expressão, mesmo que essa liberdade nos soe ofensiva e grotesca. Proibir Dieudonné de fazer os seus shows aberrantes é conceder-lhe uma importância que normalmente não dedicamos a um delinquente vulgar.

Mas o mais inquietante da história não está nos shows de Dieudonné. Está nos milhares de franceses que, de norte a sul, imitam os seus gestos como se o nazismo ou as câmaras de gás fossem matéria de dúvida ou escárnio. Em que outro país da Europa ocidental essa espécie de "antissemitismo chic" seria praticado com tanto sucesso?

Da próxima vez que escutar a trilogia "liberdade, igualdade, fraternidade", tenha cuidado: depois das guilhotinas, pode haver alguém por perto a fazer a saudação nazista invertida.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O orgulho do fracasso



Olavo de Carvalho
O Globo, 27 de dezembro de 2003

“O world, thou choosest not the better part!”
(George Santayana)

Língua, religião e alta cultura são os únicos componentes de uma nação que podem sobreviver quando ela chega ao término da sua duração histórica. São os valores universais, que, por servirem a toda a humanidade e não somente ao povo em que se originaram, justificam que ele seja lembrado e admirado por outros povos. A economia e as instituições são apenas o suporte, local e temporário, de que a nação se utiliza para seguir vivendo enquanto gera os símbolos nos quais sua imagem permanecerá quando ela própria já não existir.

Mas, se esses elementos podem servir à humanidade, é porque serviram eminentemente ao povo que os criou; e lhe serviram porque não traduziam somente suas preferências e idiossincrasias, e sim uma adaptação feliz à ordem do real. A essa adaptação chamamos “veracidade” -- um valor supralocal e transportável por excelência. As criações de um povo podem servir a outros povos porque elas trazem em si uma veracidade, uma compreensão da realidade -- sobretudo da realidade humana --que vale para além de toda condição histórica e étnica determinada.

Por isso esses elementos, os mais distantes de todo interesse econômico, são as únicas garantias do êxito no campo material e prático. Todo povo se esforça para dominar o ambiente material. Se só alguns alcançam o sucesso, a diferença, como demonstrou Thomas Sowell em Conquests and Cultures, reside principalmente no “capital cultural”, na capacidade intelectual acumulada que a mera luta pela vida não dá, que só se desenvolve na prática da língua, da religião e da alta cultura.

Nenhum povo ascendeu ao primado econômico e político para somente depois se dedicar a interesses superiores. O inverso é que é verdadeiro: a afirmação das capacidades nacionais naqueles três domínios antecede as realizações político-econômicas.

A França foi o centro cultural da Europa muito antes das pompas de Luís XIV. Os ingleses, antes de se apoderar dos sete mares, foram os supremos fornecedores de santos e eruditos para a Igreja. A Alemanha foi o foco irradiador da Reforma e em seguida o centro intelectual do mundo -- com Kant, Hegel e Schelling -- antes mesmo de constituir-se como nação. Os EUA tinham três séculos de religião devota e de valiosa cultura literária e filosófica antes de lançar-se à aventura industrial que os elevou ao cume da prosperidade. Os escandinavos tiveram santos, filósofos e poetas antes do carvão e do aço. O poder islâmico, então, foi de alto a baixo criatura da religião -- religião que seria inconcebível se não tivesse encontrado, como legado da tradição poética, a língua poderosa e sutil em que se registraram os versículos do Corão. E não é nada alheio ao destino de espanhóis e portugueses, rapidamente afastados do centro para a periferia da História, o fato de terem alcançado o sucesso e a riqueza da noite para o dia, sem possuir uma força de iniciativa intelectual equiparável ao poder material conquistado.

A experiência dos milênios, no entanto, pode ser obscurecida até tornar-se invisível e inconcebível. Basta que um povo de mentalidade estreita seja confirmado na sua ilusão materialista por uma filosofia mesquinha que tudo explique pelas causas econômicas. Acreditando que precisa resolver seus problemas materiais antes de cuidar do espírito, esse povo permanecerá espiritualmente rasteiro e nunca se tornará inteligente o bastante para acumular o capital cultural necessário à solução daqueles problemas.

O pragmatismo grosso, a superficialidade da experiência religiosa, o desprezo pelo conhecimento, a redução das atividades do espírito ao mínimo necessário para a conquista do emprego (inclusive universitário), a subordinação da inteligência aos interesses partidários, tais são as causas estruturais e constantes do fracasso desse povo. Todas as demais explicações alegadas -- a exploração estrangeira, a composição racial da população, o latifúndio, a índole autoritária ou rebelde dos brasileiros, os impostos ou a sonegação deles, a corrupção e mil e um erros que as oposições imputam aos governos presentes e estes aos governos passados -- são apenas subterfúgios com que uma intelectualidade provinciana e acanalhada foge a um confronto com a sua própria parcela de culpa no estado de coisas e evita dizer a um povo pueril a verdade que o tornaria adulto: que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro, a prosperidade depois.

As escolhas, dizia L. Szondi, fazem o destino. Escolhendo o imediato e o material acima de tudo, o povo brasileiro embotou sua inteligência, estreitou seu horizonte de consciência e condenou-se à ruína perpétua.

O desespero e a frustração causados pela longa sucessão de derrotas na luta contra males econômicos refratários a todo tratamento chegaram, nos últimos anos, ao ponto de fusão em que a soma de estímulos negativos produz, pavlovianamente, a inversão masoquista dos reflexos: a indolência intelectual de que nos envergonhávamos foi assumida como um mérito excelso, quase religioso, tradução do amor evangélico aos pobres no quadro da luta de classes. Não podendo conquistar o sucesso, instituímos o ufanismo do fracasso. Depois disso, que nos resta, senão abdicarmos de existir como nação e nos conformarmos com a condição de entreposto da ONU?

História de quinze séculos (só os primeiros 10)



Olavo de Carvalho
Jornal da Tarde, 17 de junho de 2004
em http://www.olavodecarvalho.org/semana/040617jt.htm

Desmantelado o Império, as igrejas disseminadas pelo território tornaram-se os sucedâneos da esfrangalhada administração romana. Na confusão geral, enquanto as formas de uma nova época mal se deixavam vislumbrar entre as névoas do provisório, os padres tornaram-se cartorários, ouvidores e alcaides. As sementes da futura aristocracia européia germinaram no campo de batalha, na luta contra o invasor bárbaro. Em cada vila e paróquia, os líderes comunitários que se destacaram no esforço de defesa foram premiados pelo povo com terras, animais e moedas, pela Igreja com títulos de nobreza e a unção legitimadora da sua autoridade. Tornaram-se grandes fazendeiros, e condes, e duques, e príncipes, e reis.

A propriedade agrária não foi nunca o fundamento nem a origem, mas o fruto do seu poder. Poder militar. Poder de uma casta feroz e altiva, enriquecida pela espada e não pelo arado, ciosa de não se misturar às outras, de não se dedicar portanto nem ao cultivo da inteligência, bom somente para padres e mulheres, nem ao da terra, incumbência de servos e arrendatários, nem ao dos negócios, ocupação de burgueses e judeus.

Durante mais de um milênio governou a Europa pela força das armas, apoiada no tripé da legitimação eclesiástica e cultural, da obediência popular traduzida em trabalho e impostos, do suporte financeiro obtido ou extorquido aos comerciantes e banqueiros nas horas de crise e guerra.

Sua ascensão culmina e seu declínio começa com a fundação das monarquias absolutistas e o advento do Estado nacional. Culmina porque essas novas formações encarnam o poder da casta guerreira em estado puro, fonte de si mesmo por delegação direta de Deus, sem a intermediação do sacerdócio, reduzido à condição subalterna de cúmplice forçado e recalcitrante. Mas já é o começo do declínio, porque o monarca absoluto, vindo da aristocracia, dela se destaca e tem de buscar contra ela -- e contra a Igreja -- o apoio do Terceiro Estado, o qual com isso acaba por tornar-se força política independente, capaz de intimidar juntos o rei, o clero e a nobreza.

João e Kim


Tirado de Revista IstoÉ
12/2013

Por Ricardo Amorim

João e Kim nasceram em 21 de junho de 1970, dia em que o Brasil ganhou a Copa do México. Os pais de Kim eram professores; os de João também. Kim sempre estudou em escola pública; João também. Kim ama futebol; João adora. Kim é da classe média de seu país; João também. Os pais de Kim já se aposentaram; os de João também. Kim e João trabalham na mesma empresa, uma multinacional líder mundial em tecnologia. Kim é engenheiro e ganha R$ 7.100,00 por mês. João não chegou a terminar o ensino médio, ganha R$ 1.900,00 por mês. Kim trabalha na sede da multinacional e é chefe do chefe de João, que trabalha aqui no Brasil.

Onde os caminhos de Kim e João se separaram? A cegonha deixou Kim na Coréia do Sul, João no Brasil. Em 1960, a renda per capita na Coréia era metade da brasileira. Em 1970, eram parecidas. Hoje, na Coréia, ela é três vezes maior do que a nossa.

Como as vidas de centenas de milhões de Kims e Joãos tomaram destinos tão diferentes em poucas décadas? Educação, educação e educação.

O país dos Kims investiu no ensino público básico, de qualidade e acessível a todos. O governo coreano gasta quase seis vezes mais do que o brasileiro por aluno do ensino médio. Na Coréia, um professor de ensino médio ganha o dobro da renda média local; no Brasil, menos do que a renda média. Com isso, os Kims estão sempre entre os primeiros lugares nos exames internacionais de estudantes de ensino fundamental e médio – muitas vezes, em primeiro lugar. Os Joãos, melhor nem falar.

Só após garantir uma boa formação básica e bom ensino técnico, os coreanos investiram em ensino universitário. Ainda assim, a Coréia tem 3 universidades entre as 70 melhores do mundo. O Brasil não tem nenhuma entre as 150 primeiras. Hoje, a Coréia do Sul é, em todo o mundo, o país com maior percentual de jovens que chega à universidade – mais de 70%, contra 13% no Brasil. De quebra, o país dos Kims forma 8 vezes mais engenheiros do que nós em relação ao tamanho da população de cada um. Tudo isso com um detalhe: a Coréia gasta menos com cada universitário do que o Brasil, mas forma 4 vezes mais PhDs per capita do que nós.

Para cada won gasto com a aposentadoria do pai de Kim, o governo coreano gasta 1,2 won com a escola do seu filho. No Brasil, para cada real gasto pelo governo com a aposentadoria do pai de João, ele gasta apenas R$ 0,10 com a escola do Joãozinho.

No ano que vem, os pais de Kim virão para a Copa do Mundo no Brasil. A mãe de João já tinha falecido, mas seu pai quis muito ir à Copa da Coréia e do Japão em 2002, mas não tinha dinheiro para isso. Há um ano, ele está fazendo uma poupancinha e ainda está esperançoso em ser sorteado para um dos ingressos com desconto para idosos para ver um jogo da Copa de 2014, nem que seja Coréia do Sul x Argélia. Como os ingressos com descontos são poucos e concorridos, as chances de Seu João são baixas. Se conseguir, quem sabe ele não se senta ao lado do Sr. e Sra. Kim. Pena que Seu João não teve a chance de estudar inglês. Eles poderiam conversar sobre os filhos…

Ricardo Amorim

Trovadorismo




Eu pensei em fazer um texto sobre trovadorismo, mas como alguém colocou todo um blog sobre trovadorismo, não há muito o que fazer mais.....

Internet é uma maravilha (se não for rede social)




Aqui também há uma aula básica (com alguns pequenos erros) no youtube






Uma aula um pouco mais completa, mas o professor um pouco histriônico




Medievalismo também é a chave para se entender Trovadorismo


patrística e escolástica






O dia a dia na Idade Média




Acho que isso é o suficiente para complementar as aulas - até mais.









Dicas de etiqueta - Século XII


Tirado de http://etiqueta-corporativa.com.br/2014/01/06/dicas-de-etiqueta-seculo-xii/




” Quando tens sede, engole primeiro o que comes, enxuga bem a boca e depois bebe. O glutão que bebe gulosamente antes de ter a garganta vazia, enoja seu companheiro de mesa que bebe com ele. Quando comes com colher, não deves bebericar ruidosamente.”

Incrível como as coisas que dizem respeito a etiqueta e respeito ao outro não mudaram. Na mesa, as observações feitas por Bonvoisin de la Riva no século XII continuam valendo. Antes de beber limpar a boca com o guardanapo e se for tomar sopa não fazer barulho quando levar a colher à boca.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A lição de um sonho



Fonte: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14818-a-licao-de-um-sonho.html

ESCRITO POR OLAVO DE CARVALHO | 03 JANEIRO 2014



No Brasil, o ódio histérico ao que se desconhece tornou-se obrigatório, prova de boa conduta.

A reeducação das emoções é impossível sem passar primeiro pela reeducação da inteligência.


Trabalhando dia e noite na reforma do meu escritório, cansado de serrar e martelar estantes para cinco mil livros, deixei cair um pesadíssimo arquivo que quase esmigalhou o meu dedão do pé direito. Para prevenir infecção, os médicos me deram um maldito antibiótico que provocou náuseas, diarréia, dor de cabeça, dispepsia e um total desgosto de viver. Assim fragilizado, pela primeira vez na vida senti alguma tristeza diante de tanto ódio imbecil e sem motivo que se joga sobre mim no Facebook, em blogs e por toda parte onde haja cretinos ansiosos para opinar. Nunca tinha sentido isso antes, mas uma noite destas tive um sonho que deve indicar alguma coisa.

Eu estava perdido na estrada, a pé, de madrugada, por ter descido do ônibus no lugar errado, procurando um Walmart inexistente. Não havia perigo, porque eu estava armado, mas andava e andava e não chegava a parte alguma nem via nada em torno, só escuridão. Então apareceu um carro, e eu, na esperança de uma carona, lhe fiz sinal. Havia dois homens dentro, um deles desceu, disse que me conhecia e começou a falar mal de mim. Pedi que expusesse alguma idéia minha, e confirmei que ele não conhecia nenhuma delas, só o que sabia de mim eram fantasias. Vi que dali não ia sair carona nenhuma e, só de sacanagem, encostei o cano do revólver na barriga do sujeito para forçá-lo a me levar para algum lugar onde eu pudesse tomar condução. Ele teve um piripaque, desmaiou e quando acordou estava totalmente idiota, não lembrava quem era nem o que estava fazendo ali. O outro homem havia desaparecido. Pensei: "Este aqui me odeia tanto que acreditou, seriamente, que eu ia matá-lo; daí ficou aterrorizado e entrou em pane. E agora, que é que eu faço com esse f. da p. delirante caído na estrada, sem o raio de um hospital por perto?" Não conseguindo resolver esse problema, acordei.

Esse sonho expressa uma verdade psicológica fundamental, da qual tomei consciência, por assim dizer, na carne: o ódio histérico e sem motivo traz em si mesmo o seu próprio castigo; inspira um temor desproporcional da coisa odiada e se volta contra o seu portador.

Jamais serei suficientemente grato ao dr. Andrew Lobaczewski, o médico psiquiatra que durante anos estudou o comportamento da elite comunista polonesa e chegou a conclusões altamente esclarecedoras sobre a relação entre psicopatia e histeria na política e na sociedade.

Ilustrando o fenômeno exemplarmente, o Brasil de hoje é a típica sociedade histérica governada por psicopatas, que o dr. Lobazewski descreve em “Political Ponerology”.

Numa alma bem estruturada, as emoções refletem espontaneamente o senso das proporções e a realidade da situação. A afeição, a esperança, o temor, a ansiedade, o ódio são proporcionais aos seus objetos e, nesse sentido, funcionam quase como órgãos de percepção. Afiná-las para que cheguem a esse ponto é o objetivo de toda educação das emoções. Na sociedade histérica, porém, cada um só pode alcançar esse objetivo mediante um tremendo esforço de tomada de consciência e de auto-reeducação. O que deveria ser simplesmente o padrão da normalidade humana torna-se uma árdua conquista pessoal.

O filósofo romeno Andrei Pleshu, que conheceu o Rio de Janeiro quarenta anos atrás, dizia, brincando: “O Brasil é um país onde ninguém tem a obrigação de ser normal.” Com o tempo, o gracejo, como tantos outros, se transfigurou em tragédia: no Brasil dos nossos dias é proibido ser normal. O mero senso das proporções é estigmatizado como preconceito fascista, e não há alternativa senão acompanhar o fingimento histérico geral que não acredita no que vê, mas no que imagina. O ódio histérico ao que se desconhece tornou-se obrigatório, prova de boa conduta.

Para avaliar o quanto a alma brasileira se deteriorou ao longo das últimas décadas, basta ler as observações do gringo que detestou a experiência de viver neste país (http://www.gringoes.com/forum/forum_posts.asp?TID=17615&PN=1&title=top-reasons-i-hate-living-in-brazil) e compará-las à noção do "homem cordial" criada nos anos 30 do século XX por Sérgio Buarque de Hollanda e desenvolvida numa discussão com Ribeiro Couto e Cassiano Ricardo. Na época, a "cordialidade" podia até parecer um traço saliente do brasileiro em geral, mas setenta mil homicídios por ano, Black Blocks na rua e a profusão de gente espumando de raiva contra o que ignora fazem-no soar como piada cínica.

A reeducação das emoções é impossível sem passar primeiro pela reeducação da inteligência, de modo que esta assuma, pouco a pouco, o comando da alma inteira e se torne o centro da personalidade em vez de um penduricalho inútil a serviço da autojustificação histérica. Ser inteligente é, nesse sentido, como já lembrava Lionel Trilling, a primeira das obrigações morais. Sem inteligência, até as virtudes mais excelsas se tornam caricaturas de si mesmas.




Publicado no Diário do Comércio.

A impressão que causamos: Francês que mora em BH faz lista das impressões do Brasil


peguei em http://www.pessegadoro.com/2013/12/a-impressao-que-causamos-frances-que.html





Anda circulando por aí nas águas de março da internet, uma lista de impressões sobre o Brasil. O autor dessa lista é o francês Olivier Teboul, de 29 anos. Ele tá morando em Belo Horizonte há um ano e meio, e trabalha como engenheiro de computação no escritório da Google.
O texto fez um super sucesso e numa entrevista ao jornal Estado de Minas, ele diz que sua intenção estava longe de ofender os brasileiros e sim de mostrar as diferenças culturais e como somos vistos pelos estrangeiros. Mas a gente nem se ofendeu não Oli, fique tranks que a gente achou interessantíssimo!
Dá uma olhadinha no que ele disse:

Aqui são umas das minhas observações, as vezes um pouco exageradas, sobre o Brasil. Nada serio.

1. Aqui no Brasil, tudo se organiza em fila: fila para pagar, fila para pedir, fila para entrar, fila para sair e fila para esperar a próxima fila. E duas pessoas já bastam para constituir uma fila. 

2. Aqui no Brasil, o ano começa “depois do Carnaval”. 

3. Aqui no Brasil, não se pode tocar a comida com as mãos. No MacDonalds, hamburger se come dentro de um guardanapo. Toda mesa de bar, restaurante ou lanchonete tem um distribuidor de guardanapos e de palitos. Mas esses guardanapos são quase de plástico, nada de suave ou agradável. O objetivo não é de limpar suas mãos ou sua boca mas é de pegar a comida com as mãos, sem deixar papel nem na comida nem nas mãos. 

4. Aqui no Brasil, qualquer coisa é gay (ou ‘viado’). Beber chá: é gay. Pedir uma coca zero: é gay. Jogar vôlei: é gay. Beber vinho: é gay. Não gostar de futebol: é gay. Ser francês: é gay, ser gaúcho: gay, ser mineiro: gay. Prestar atenção em como se vestir: é gay. Não falar que algo é gay : também é gay. 

5. Aqui no Brasil, os homens não sabem fazer nada das tarefas do dia a dia: não sabem faxinar, nem usar uma máquina de lavar. Não sabem cozinhar, nem a nível de sobrevivência: fazer arroz ou massa. Não podem concertar um botão de camisa. Também não sabem coisas que são consideradas fora como extremamente masculinas, como trocar uma roda de carro. Fui realmente criado em outro mundo… 

6. Aqui no Brasil, sinais exterioriores de riqueza são muito comuns: carros importados, restaurantes caríssimos em bairros chiques, clubes seletivos cujas cotas atingem valores estratosféricas. 

7. Aqui no Brasil, os casais sentam um do lado do outro nos bares e restaurantes como se eles estivessem dentro de um carro.

8. Aqui no Brasil, os homens se vestem mal em geral ou seja não ligam. Sapatos para correr, eles usam no dia a dia, sair de short, chinelos e camiseta qualquer é comum. Comum também é sair de roupas de esportes mas sem a intenção de praticar esporte. Se vestir bem também é meio gay. 

9. Aqui no Brasil, o cliente não pede cerveja pro garçom, o garçom traz a cerveja de qualquer jeito. 

10. Aqui no Brasil, todo mundo torce para um time, de perto ou de longe.

11. Aqui no Brasil, sempre tem um padre falando na televisão ou no radio. 

12. Aqui no Brasil, a vida vai devagar. E normal estar preso no trânsito o dia todo. Mas não durma no semáforo não. Aí tem que ser rápido e sair até antes do semáforo passar no verde. Não depende se tiver muitas pessoas atrás, nem se estiverem atrasados. Também é normal ficar 10 minutos na fila do supermercado embora que tenha só uma pessoa na sua frente. Aí demora para passar os artigos, e muitas vezes a pessoa do caixa tem que digitar os códigos de barra na mão ou pedir ajuda para outro funcionário para achar o preço de um artigo. Mas, na hora de retirar o cartão de crédito, aí tem que ser rápido. Não é brincadeira, se não retirar o cartão na hora, a mesma moça da caixa que tomou 10 minutos para 10 artigos vai falar agressivamente para você agilizar: “pode retirar o cartão!”.

13. Aqui no Brasil, os chineses são japoneses. 

14. Aqui no Brasil, a música faz parte da vida. Qualquer lugar tem musica ao vivo. Muitos brasileiros sabem tocar violão embora que não consideram que toquem se perguntar pra eles. Tem músicos talentosos, mas não tantos tocam as musicas deles. Bares estão cheios de bandas de cover. 

15. Aqui no Brasil, a política não funciona só na dimensão esquerda – direita. Brasil é um pais de esquerda em vários aspectos e de direita em outros. Por exemplo, se pode perder seu emprego de um dia pra outro quase sem aviso. Tem uma diferencia enorme entre os pobres e os ricos. Ganhar vinte vezes o salario minimo é bastante comum, e ganhar o salario minimo ainda mais. As crianças de classe media ou alta estudam quase todos em escolas particulares, as igrejas tem um impacto muito importante sobre decisões politicas. E de outro lado, existe um sistema de saúde publico, o estado tem muitas empresas, tem muitos funcionários públicos, tem bastante ajuda para erradicar a pobreza em regiões menos desenvolvidas do país. O mesmo governo é uma mistura de política conservadora, liberal e socialista.

16. Aqui no Brasil, e comum de conhecer alguém, bater um papo, falar “a gente se vê, vamos combinar, ta?”, e nem trocar telefone. 

17. Aqui no Brasil, a palavra “aparecer” em geral significa, “não aparecer”. Exemplo: “Vou aparecer mais tarde” significa na prática “não vou não”.

18. Aqui no Brasil, o clima é muito bom. Tem bastante sol, não está frio, todas as condicões estão reunidas para poder curtir atividades fora. Porem, os domingos, se quiser encontrar uma alma viva no meio da tarde, tem que ir pro shopping. As ruas estão as moscas, mas os shopping estão lotados. Shopping é a coisa mais sem graça do Brasil. 

19. Aqui no Brasil, novela é mais importante do que cinema. Mas o cinema nacional é bom. 

20. Aqui no Brasil, não falta espaço. Falam que o pais tem dimensões continentais. E é verdade, daria para caber a humanidade inteira no Brasil. Mas então se tem tanto espaço, por que é que as garagens dos prédios são tão estreitos? Porque existe até o conceito de vaga presa? 

21. Aqui no Brasil, comida salgada é muito salgada e comida dolce é muito doce. Até comida é muita comida. 

22. Aqui no Brasil, se produz o melhor café do mundo e em grandes quantidades. Uma pena que em geral se prepare muito mal e cheio de açúcar. 

23. Aqui no Brasil, praias bonitas não faltam. Porém, a maioria dos brasileiros viajam todos para as mesmas praias, Búzios, Porto de Galinhas, Jericoacoara, etc.

24. Aqui no Brasil, futebol é quase religião e cada time uma capela. 

25. Aqui no Brasil, as pessoas acham que dirigir mal, ter trânsito, obras com atraso, corrupção, burocracia, falta de educação, são conceitos especificamente brasileiros. Mas eu nunca fui num pais onde as pessoas dirigem bem, onde nunca tem trânsito, onde as obras terminam na data prevista, onde corrupção é só uma teoria, onde não tem papelada para tudo e onde tudo mundo é bem educado! 

26. Aqui no Brasil, esporte é ou academia ou futebol. Uma pena que só o futebol seja olímpico. 

27. Aqui no Brasil, existe três padrões de tomadas. Vai entender porque… 

28. Aqui no Brasil, não se assuste se for convidado para uma festa de aniversário de dois anos de uma criança. Vai ter mais adultos do que crianças, e mais cerveja do que suco de laranja. Também não se assuste se parece mais com a coroação de um imperador romano do que como o aniversário de dois anos. É ‘normal’. 

29. Aqui no Brasil, não tem o conceito de refeição com entrada, prato principal, queijo, e sobremesa separados. Em geral se faz um prato com tudo: verdura, carne, queijo, arroz e feijão. Daí sempre acaba comendo uma mistura de tudo. 

30. Aqui no Brasil, o Deus está muito presente… pelo menos na linguagem: ‘vai com o Deus’, ‘se Deus quiser’, ‘Deus me livre’, ‘ai meu Deus’, ‘graças a Deus’, ‘pelo amor de Deus’. Ainda bem que ele é Brasileiro. 

31. Aqui no Brasil, cada vez que ouço a palavra ‘Blitz’, tenho a impressão que a Alemanha vai invadir de novo. Reminiscência da consciência coletiva francesa… 

32. Aqui no Brasil, país com muita ascendência italiana, tem uma lei que se chama ‘lei do silencio’. Que mau gosto! Parece que esqueceram que lá na Itália, a lei do silêncio (também chamada de “omerta”) se refere a uma prática da mafia que se vinga das pessoas que denunciam suas atividades criminais. 

33. Aqui no Brasil, se acha todo tipo de nome, e muitos nomes americanos abrasileirados: Gilson, Rickson, Denilson, Maicon, etc. 

34. Aqui no Brasil, quando comprar tem que negociar. 

35. Aqui no Brasil, os homens se abraçam muito. Mas não é só um abraço: se abraça, se toca os ombros, a barriga ou as costas. Mas nunca se beija. Isso também é gay.

36. Aqui no Brasil, o polegar erguido é sinal pra tudo: “Ta bom?”, “obrigado”, “desculpa”. 

37. Aqui no Brasil, quando um filme passa na televisão, não passa uma vez só. Se perder pode ficar tranquilo que vai passar mais umas dez outras vezes nos próximos dias. Assim já vi “Hitch” umas quatro vezes sem querer assistir nenhuma. 

38. Aqui no Brasil, tem um jeito estranho de falar coisas muito comuns. Por exemplo, quando encontrar uma pessoa, pode falar “bom dia”, mas também se fala “e ai?”. E ai o que? Parece uma frase abortada. Uma resposta correta e comum a “obrigado” é “imagina”. Imagina o que? Talvez eu quem falte de imaginação. 

39. Aqui no Brasil, todo mundo gosta de pipoca e de cachorro quente. Não entendo. 

40. Aqui no Brasil, quando você tem algo pra falar, é bom avisar que vai falar antes de falar. Assim, se ouvi muito: “vou te falar uma coisa”, “deixa te falar uma coisa”, “é o seguinte”, e até o meu preferido: “olha só pra você ver”. Obrigado por me avisar, já tinha esquecido para que tinha olhos. 

41. Aqui no Brasil, as lojas, o negócios e os lugares sempre acham um jeito de se vender como o melhor. Já comi em em vários ‘melhor bufe da cidade’ na mesma cidade. Outro superativo de cara de pau é ‘o maior da América latina’. Não custa nada e ninguém vai lá conferir. 

42. Aqui no Brasil, tem uma relação ambígua e assimétrica com a América latina. A cultura do resto da América latina não entra no Brasil, mas a cultura brasileira se exporta lá. Poucos são os brasileiros que conhecem artistas argentinos ou colombianos, poucos são os brasileiros que vão de ferias na América latina (a não ser Buenos Aires ou o Machu Pichu), mas eles em geral visitaram mais países europeus do que eu. O Brasil as vezes parece uma ilha gigante na América latina, embora tenha uma fronteira com quase todos os outros países do continente. 

43. Aqui no Brasil, relacionamentos são codificados e cada etapa tem um rótulo: peguete, ficante, namorada, noiva, esposa, (ex-mulher…). Amor com rótulos. 

44. Aqui no Brasil, a comida é: arroz, feijão e mais alguma coisa.

45. Aqui no Brasil, o povo é muito receptivo. é natural acolher alguém novo no seu grupo de amigos. Isso faz a maior diferença do mundo. Obrigado brasileiros. 

46. Aqui no Brasil, o brasileiros acreditam pouco no Brasil. As coisas não podem funcionar totalmente ou dar certo, porque aqui, é assim, é Brasil. Tem um sentimento geral de inferioridade que é gritante. Principalmente a respeito dos Estados Unidos. Tô esperando o dia quando o Brasil vai abrir seus olhos.
 
47. Aqui no Brasil, de vez em quando no vocabulário aparece uma palavra francesa. Por exemplo ‘petit gâteau’. Mas para ser entendido, tem que falar essas palavras com o sotaque local. Faz sentido, mas não deixa de ser esquisito. 

48. Aqui no Brasil, tem um organismo chamado DETRAN. Nem quero falar disso não, não saberia por onde começar…

49. Aqui no Brasil, dentro dos carros, sempre tem uma sacola de tecido no alavanca de mudança pra colocar o lixo. 

50. Aqui no Brasil, os brasileiros escovam os dentes no escritório depois do almoço. 

51. Aqui no Brasil, se limpa o chão com esse tipo de álcool que parece uma geleia. 

52. Aqui no Brasil, a versão digital de ‘fazer fila’ é ‘digitar códigos’. No banco, pra tirar dinheiro tem dois códigos. No supermercado, o leitor de código de barra estando funcionando mal tem que digitar os códigos dos produtos. Mas os melhores são os boletos pra pagar na internet: uns 50 dígitos. Sempre tem que errar um pelo menos. Demora. 

53. Aqui no Brasil, o sistema sempre tá “fora do ar”. Qualquer sistema, principalmente os terminais de pagamento de cartão de crédito. 

54. Aqui no Brasil, tem um lugar chamado cartório. Grande invenção para roubar direitos e perder seu tempo durante horas, para tarefas como certificar uma cópia (que o funcionário nem vai olhar), o conferir que sua firma é sua firma. 

55. Aqui no Brasil, parece que a profissão onde as pessoas são mais felizes é a de coletor de lixo. Eles estão sempre empolgados, correndo atrás do caminhão como se fosse um trilho do carnaval. Eles também são atletas. Tens a energia de correr, jogar as sacolas, gritar, e ainda falar com as mulheres passando na rua. 

56. Aqui no Brasil, pode pedir a metade da pizza de um sabor e a metade de outro. Ideia simples e genial.

57. Aqui no Brasil, nâo tem água quente nas casas. Dai tem aquele sistema muito esperto que é o chuveiro que aquece a agua. Só tem um porem. Ou tem água quente ou tem um débito bom. Tem que escolher porque não da para ter os dois. 

58. Aqui no Brasil, as pessoas saem da casa dos pais quando casam. Assim, tem bastante gente de 30 anos ou mais morando com os pais. 
 
59. Aqui no Brasil, tem três palavras para mandioca: mandioca, aipim e macaxeira. Lá na franca nem existe mandioca. 

60. Aqui no Brasil, tem o número de telefone tem um DDD e também um número de operadora. Uma complicação a mais que pode virar a maior confusão. 

61. Aqui no Brasil, quando encontrar com uma pessoa, se fala: “Beleza?” e a resposta pode ser “Jóia”. Traduzindo numa outra língua, parece fazer pouco sentido, ou parece um dialogo entre o Dalai-Lama e um discípulo dele. Por exemplo em inglês: “The beauty? – The joy”. Como se fosse um duelo filosófico de conceitos abstratos. 
 
62. Aqui no Brasil, a torneira sempre pinga. 

63. Aqui no Brasil, no táxi, nunca se paga o que está escrito. Ou se aproxima pra cima ou pra baixo. 

64. Aqui no Brasil, marcar um encontro as 20:00 significa às 21:00 ou depois. Principalmente se tiver muitas pessoas envolvidas. 

65. Aqui em Belo Horizonte, é a menor cidade grande do mundo. 5 milhões de habitantes, mas todo mundo conhece todo mundo. Por isso que se fala que BH é um ovo. Eu diria que é um ovo frito. Assim fica mais mineiro.


Divertido, se não fosse trágico.
~~se bem que ele não disse nenhuma mentira~~